sábado, 15 de junho de 2013

Sequência Didática Texto: Pausa de Moacyr Sclyar




MELHOR GESTÃO, MELHOR ENSINO




LÍNGUA PORTUGUESA


DIRETORIA DE ENSINO DE PRESIDENTE PRUDENTE


SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM DE COMPREENSÃO LEITORA


PAUSA”, Moacyr Scliar


8º e 9º ano do Ensino Fundamental


"A vida merece algo além do aumento da sua velocidade" 

Mahatma Gandhi




ETAPA 1- ANTES DA LEITURA


Olá alunos. Vamos iniciar uma conversa sobre o texto “ PAUSA”, de Moacyr Scliar.


Para isso vamos pensar sobre algumas questões:


ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTO DE MUNDO


1- O que vocês entendem por PAUSA?


2- Em que situações do seu dia a dia você costuma dar uma pausa?


3- É necessário que haja pausas no nosso cotidiano?


4- Lembre-se das pessoas com quem você convive. Você percebe se elas costumam ter um momento de pausa? O que normalmente elas costumam fazer nestes momentos?


5- O que o título sugere? O que pode abordar este texto?


6- Que tipo de personagens participarão dele? Quais são os cenários prováveis para esta história?


7- Já leu algum texto de Moacyr Scliar?


MOACYR SCLIAR - BIOGRAFIA
ETAPA 2 – DURANTE A LEITURA


Agora vamos fazer a leitura do texto e a checagem das hipóteses levantadas.


ETAPA 3 (EM DIANTE) – DEPOIS DA LEITURA


1- Há algum vocábulo que dificultou o entendimento do texto? Se houver, procure reconhecer seu sentido dentro do contexto em que está inserida. Caso a dúvida persista, pesquise num dicionário?


2- Você considera a linguagem do texto formal ou informal?


3- A partir da linguagem utilizada, é possível identificar algum regionalismo presente na obra? Comprove com trechos do texto?


ETAPA 4 – LOCALIZAÇÃO OU CÓPIA DE INFORMAÇÕES


1- Quem é o narrador da história?


2- Quais os personagens da história?


3- Onde se passa a história?


4- O texto fornece pistas de onde o personagem mora?


5- Qual o objetivo de Samuel ao vestir-se rapidamente e sem ruído?


6- Qual o tema abordado no texto?


ETAPA 5 – COMPARAÇÃO DE INFORMAÇÕES


1- Vamos contar oralmente a história, com a participação de todos.


2- Por que o local escolhido por Samuel para fazer uma pausa foi o hotel?


ETAPA 6 - GENERALIZAÇÕES


1- Dar uma pausa poder ser considerado o mesmo que fugir da responsabilidade?


2- Jovens e adultos utilizam a pausa da mesma forma?


ETAPA 7- PRODUÇÃO DE INFERÊNCIAS LOCAIS


1- O que o narrador quis dizer no trecho “ (...) antes que voltasse a carga” ?


2- De acordo com as atitudes de Samuel dê três adjetivos que o caracterizem.


ETAPA 8- PRODUÇÃO DE INFERÊNCIAS GLOBAIS


1- Qual o significado do sonho de Samuel “nu corria pela planície imensa...”?


2- Por que Samuel assume outro nome ao entrar no hotel?


ETAPA 9- RECUPERAÇÃO DO CONTEXTO DE PRODUÇÃO DE TEXTO


1- Em qual obra este texto foi publicado?


2- Quem é o autor? O que ele costuma escrever?


3- Qual o público-alvo para esta obra?


ETAPA 10- DEFINIÇÃO DE FINALIDADES E METAS DA ATIVIDADE DE LEITURA


1- Todo o processo de leitura está subordinado a metas ou finalidades impostas pela situação em que o leitor se encontra. Este texto pode ser lido com o objetivo de:


( ) estudar


( ) trabalhar


( ) entreter-se


( ) buscar informações


( ) atualizar-se


( ) orientar-se


ETAPA 11- PERCEPÇÃO DE RELAÇÕES DE INTERTEXTUALIDADE


1- Em que outros locais ou situações vocês já viram discussões sobre a temática pausa?


(Sugestão - Os textos que se seguem fazem intertextualidade com a temática)


2- O professor pode exibir o filme:


Filme: DIA DE FÚRIA – (excerto da resenha- www.cinereporter.com.br)


Todo mundo odeia Joel Schumacher. O cara se tornou uma das unanimidades negativas de Hollywood depois de fazer dois exemplares histéricos e supercoloridos de “Batman” para a Warner. Depois disso, atraiu a fúria dos críticos de pouca idade e passou a ser visto com extremo ceticismo. Não dá para culpar totalmente quem torce o nariz só de ouvir falar no nome do cineasta, mas é preciso lembrar que ele já assinou grandes filmes. O melhor deles se chama “Um Dia de Fúria” (Falling Down, EUA, 1993) e é um dos melhores retratos na neurose urbana feitos no cinema na década de 1990. Trata-se de uma pequena e subestimada obra-prima.


A história é muito simples e cheia de tensão. O filme começa em um enorme engarrafamento numa avenida de Los Angeles (EUA). Suando em bicas, um irritado anônimo (só descobriremos o nome perto do final do longa-metragem, e por isso não vou dizê-lo aqui) abandona o carro para caminhar um pouco e espairecer. Ele é um dos milhões de anônimos que sustentam o “sonho americano”: camisa branca, gravata, maleta tipo 007 nas mãos, um par de óculos no rosto e um ar inofensivo. Ocorre que o homem, cujo carro tem na placa a sigla D-FENS (ou seja, “defesa”), é uma bomba-relógio prestes a explodir.



Depois de assistido o filme se iniciará um debate. O professor pode ler o seguinte pensamento:



Se na formulação marxista o trabalho é o ponto de partida do processo de humanização do ser social, também é verdade que, tal como se objetiva na sociedade capitalista, o trabalho degradado e aviltado, torna-se estranhado. O que deveria se constituir na finalidade básica do ser social_ a sua realização no e pelo trabalho é pervertido e depauperado.”

(Lukács apud Ricardo Antunes, 1953, p. 126)


TEXTO I PAUSA - Moacyr Scliar



TEXTO II Uma reflexão de final de ano
Roberto Shinyashiaki (psiquiatra)



Todo natal é a mesma coisa. Parece que uma poção mágica nos inebria e nos induz a um comportamento fraterno e reflexivo. Ficamos mais sensíveis às coisas que realmente importam. Mas o ideal mesmo seria manter essa sensibilidade durante todo o ano. Para a grande maioria dos mortais, o arrependimento e a frustração são os grandes vilões que perturbam a paz que deveria anteceder nossos momentos finais.


Pude comprovar isso quando eu era médico recém-formado. Na época, tive a oportunidade de trabalhar num hospital de pacientes terminais. Trata-se de um lugar onde é comum você acompanhar várias mortes por dia. Eu sempre dava um jeito de estar junto aos pacientes em seus últimos minutos. Acompanhei muitos deles no momento de sua passagem, e a grande maioria vivia a morte com muita frustração e arrependimento.


Alguns diziam: “Doutor, sempre me sacrifiquei e agora que ia começar a viver, estou morrendo. Não é justo...”


A maioria das pessoas morre frustrada por não haver aproveitado sua vida. Elas passaram o tempo todo lutando pelas coisas erradas e se esqueceram de cultivar a felicidade no seu dia a dia. Não entenderam a importância dos pequenos momentos. Do almoço com a esposa, dos 15 minutos de brincadeira com os filhos, das amizades construídas ao longo da vida... jamais vi alguém arrependido por não ter sido mais duro, por não ter se vingado, por não ter sido egoísta. Todos se arrependiam por não ter amado mais, por não ter aproveitado a vida. A família, o amor, os sonhos os amigos são, no fundo, o que realmente importam. Quando os pacientes enxergavam isso, já era tarde demais. Nessa hora, as pessoas se arrependiam porque descobriam que as coisas profundas, extremamente significativas de sua vida, eram formadas de palavras simples e não de termos como dólar, real, pressão, inflação, recessão...


O mesmo podemos dizer da felicidade. As palavras que a acompanham são simples. Simples como amigos, filhos, família e companheirismo. Infelicidade, portanto, nada mais é do que adiar a felicidade para depois. É não prestar atenção nas pequenas coisas. Grande parte das pessoas deixa a felicidade sempre para depois. É como dizer: “Serei feliz quando terminar a faculdade. Serei feliz quando me casar. Serei feliz quando me aposentar”. Isso está errado! É preciso ser feliz hoje. Já. Conheço uma história que ilustra isso tudo muito bem.


“Um sujeito estava caindo em um barranco e se segurou às raízes de uma árvore. Em cima do barranco havia um urso imenso querendo devorá-lo. Embaixo, prontas para engoli-lo, estavam seis onças tremendamente famintas. As onças embaixo querendo comê-lo, e o urso em cima querendo devorá-lo também. Em determinado momento, ele olhou para o lado esquerdo e viu um morango vermelho, lindo, com aquelas escamas douradas refletindo o sol. Num esforço supremo, apoiou seu corpo, sustentado apenas pela mão direita, e, com a esquerda, pegou o morango.


Quando pode olhá-lo melhor ficou inebriado com a sua beleza. Então, levou o morango à boca e se deliciou com o sabor doce e suculento. Foi um prazer supremo colher aquele morango.”


Deu pra entender?


Talvez você pergunte:


- Mas e o urso?


Dane-se o urso? E coma o morango!


- E as onças?


Azar das onças, coma o morango!


Às vezes, você está em sua casa no final de semana com seus filhos e amigos comendo churrasco. Percebendo seu mau humor, sua esposa lhe diz:


- Meu bem, relaxe e aproveite o domingo!


E você, chateado, responde: “Como posso curtir o domingo se amanhã vai ter um monte de ursos querendo me pegar na empresa?”


Mais do que nunca você tem que aprender a ter prazer em enfrentar os ursos e aprimorar-se contra as onças, porque são eles, de fato, que farão parte do seu dia a dia. Mas não deixe de comer os morangos, porque sem felicidade nossa passagem pelo planeta Terra não vai ter a mínima graça.



Revista Você S.A., dez. 1998






TEXTO III


De manhã



O hábito de estar aqui agora
aos poucos substitui a compulsão
de ser o tempo todo alguém ou algo


Um belo dia – por algum motivo
é sempre dia claro nesses casos –
você abre a janela, ou abre um pote
de pêssegos em calda, ou mesmo um livro
que nunca há de ser lido até o fim
e então a ideia irrompe, clara e nítida:
É necessário? Não. Será possível?
de modo algum. Ao menos dá prazer?
será prazer essa exigência cega?
a latejar na mente o tempo todo?
Então por quê?
E nesse exato instante
você por fim entende, e refestela-se
a valer nessa poltrona, a mais cômoda
de casa, e pensa sem rancor:
Perdi o dia, mas ganhei o mundo.
(Mesmo que seja por trinta segundos.)


(Brito, Paulo Henriques. As três epifanias - III In: Brito, P. H. Macau. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. P. 72-73.)


TEXTO IV





Eu preciso descobrir onde está o controle remoto da minha vida. Queria adiantar alguns capítulos, preciso voltar outros e principalmente dar uma pausa em algumas decisões que tenho que tomar.


As vezes acho que o destino está me trolando. Tenho que correr quase uma maratona para
acompanhar o ritmo de certas coisas e andar em passo de tartaruga para não sobrepor a outras. Algumas cenas passam, insuportavelmente, em câmera lenta e outras num piscar de olhos.


Sinto como se fosse um robô, acordo todo dia o mesmo horário, faço as mesmas coisas, vou aos mesmos lugares, falo com as mesmas pessoas, trabalho nas mesmas coisas, tomo as decisões nos mesmos sentidos, vou pra faculdade e lá é tudo tão igual. Desanimadoramente tão repetitivo. Tá tudo tão sem sentido. As caras feias que ignoro são sempre as mesmas, a hostilidade que faço de conta que não me afeta é sempre a mesma, e a má vontade estampada em alguns e que nem me abala mais é a mesma também.


A impressão constante de que já vi esse filme antes, a sensação de Déjà-Vu me irritam, impressionam e ao mesmo tempo desencorajam. Difinitivamente, não fazem sentido. As vezes eu sinto uma vontade de gritar. Outras vezes sinto uma vontade de me deitar e dormir, dormir e dormir sem pressa de acordar. Outras vezes quero só ficar ali quietinha, parada em meu canto sem ver, ouvir e falar com ninguém.


Ai, gente!! Existe botão de pause pra vida? Se existir é dele que eu preciso. Outras vezes acho que não é de pausa que eu preciso e sim de uma bússola, as vezes penso que preciso de uma lanterna, em outras oportunidades tenho certeza de que preciso mesmo é de uma bóia, já em outras tudo que eu quero é uma corda. Não pra me enforcar e sim pra me tirar do buraco.


Mas eu não estou certa se estou no buraco, acho que estou perdida num deserto no meio do nada. Ou posso estar perdida à bordo de um barquinho num mar revolto, como posso estar perdida num matagal a noite. Nem isso eu sei.


Não sei onde estou e nem onde quero chegar. Estou perdida e tudo que preciso é parar. Pelo menos por um tempo.




Algumas imagens fazem intertextualidade: O Pensador – Auguste Rodin (escultor francês)






Aparecida Vasconcelos Donadão

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